Lançamento de livro sobre a história recente de Rio das Ostras contada pela imprensa local, marca a programação de atividades culturais da semana de aniversário de 21 anos do município

Leonor Bianchi

Rio das Ostras, no norte fluminense do estado do Rio de Janeiro, completa nesta semana, no dia 10 de abril, seu vigésimo primeiro aniversário. Para comemorar a data, uma série de atividades culturais está programada para acontecer.

A prefeitura não contratou nenhum artista-celebridade para se apresentar no final de semana, para conter despesas, e está dando protagonismo aos agentes culturais da cidade. É verdade que alguns destes são de outros municípios, mas estão aparecendo depois que chegaram com seu trabalho em Rio das Ostras e por isso foram ‘escalados’. É o caso o ilustrador Aurélius Lobão, que não mora em Rio das Ostras e passou a ter relação com a cidade de um ano e meio para cá, mas está entre os artistas que farão a festa da cidade neste 2013. Há quem veja isso como um problema: não valorizamos a prata da casa, consequentemente acabamos tendo que trazer de fora…

..Mas sem preconceito, até porque a arte não tem fronteiras… e vamos que vamos, que o povo precisa de educação cultural, e é pra frente que se anda… a semana ainda terá o pré-lançamento do primeiro livro sobre a imprensa local.

A imprensa na cidade que mais cresceu no Brasil. A história recente de Rio das Ostras revisitada em matérias jornalísticas produzidas entre 2005 e 2007, apresenta uma Rio das Ostras dez, onze… anos depois de sua emancipação, a troca de governo entre Sabino e Carlos Augusto, a chegada de milhares de novos moradores, que fizeram com que o município ganhasse o título de cidade brasileira que mais cresceu (em termos populacionais) nos últimos 10 anos.

O livro traz reportagens e matérias especiais produzidas durante os quatro primeiros anos do mandato do prefeito Carlos Augusto. Fatos como a chegada da Delegacia Legal à cidade; a construção da nova ponte sobre o rio das Ostras; a pavimentação de ruas nos bairros periféricos como Âncora e Cidade Praiana; a assinatura da primeira Primeira Parceria Público Privada para saneamento básico feita no Brasil; a poluição do rio que dá nome à cidade; a instalação de um emissário submarino; a chegada de professores, alunos e servidores da UFF, transformando Rio das Ostras definitivamente numa cidade universitária e de jovens; e a vinda de centenas de novos servidores para o serviço público municipal, delineando novas características sociais e políticas ao município. Estes, entre muitos outros acontecimentos relevantes e que revelam a história política, social e cultural de Rio das Ostras são narrados no livro através de matérias jornalística produzidas para o jornal (na época, diário) de Búzios, Primeira Hora, pela jornalista que vos escreve.

O livro integra a coleção da Série Memória da Imprensa Riostrense, dos Cadernos de Comunicação, projeto editorial totalmente independente, que venho desenvolvendo desde 2012.

O livro sai pela editora #ruap, do grupo de comunicação O Polifônico.

Os primeiros exemplares foram produzidos em mídia digital (CD) e E-book. Os impressos poderão ser adquiridos através de encomendas.

Na sexta-feira, unirei o útil ao mais agradável: durante a apresentação do meu companheiro, Rúben Pereira, violonista no grupo Só Pra Moer, nas comemorações deste aniversário, estarei com exemplares à venda, na Concha Acústica.

Apresse-se em encomendar seu exemplar, pois a tiragem de pré-lançamento é limitadíssima.

Para conhecer mais sobre os Cadernos de Comunicação, acesse a página do projeto na rede social:

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O Forte de Imbetiba nas páginas do jornal A Província

Edicao 82 Inauguração do forte de Imbetiba

LB

Uma década após ser publicado o primeiro jornal de Macaé – o Monitor Macahense – uma das folhas mais importantes da imprensa brasileira – A Província – era editada pelo corajoso pensador, poeta, advogado, escritor, jornalista e abolicionista pernambucano José Mariano. O periódico era produzido na capital Recife, que naquela época disputava um bom posto na comercialização de açúcar com muitas outras cidades produtoras da iguaria, dentre elas, Campos dos Goytacazes, próxima a Macaé, de quem se desvinculou política e administrativamente em 1813.

Atentos à produção do açúcar em todos os pontos do Brasil, seus editores expõem em suas páginas notas sobre a balança comercial dos portos de diversas cidades brasileiras e tudo o que diz respeito à produção e comercialização de açúcar no país e fora dele. Neste contexto, Macaé aparece em muitas páginas do jornal A Província, ora com seu movimento portuário despontando entre os mais impulsionados daqueles tempos, ora como cidade de relevante interesse estratégico para a política econômica nacional, por diversos aspectos. Estar próxima à Capital Federal era um. Ser vizinha de Campos e estar localizada ‘no pé’ das Minas Gerais, outro. O jornal A Província, por isto, destaca Macaé em diversas edições ao longo de sua existência.

Editado entre 1872 e 1933, A Província atravessou o século que abriria as portas da modernidade e desvelou vez por todas a surpreendente cultura dos povos das Américas. Foi o século das ciências da mente e do homem. O século das guerras marcadas por destruições em massa. Guerras criadas com o auxílio do advento de máquinas poderosas, que só puderam existir com o aperfeiçoamento do domínio que o homem passou a exercer sobre a natureza e suas leis.

Dentre as diversas menções que A Província dedicou a Macaé, destaco a primeira, que aparece em 1875 e diz respeito a uma nova tecnologia: o processo de produção de açúcar cristalizado desenvolvido na Fazenda Atalaia. A nota foi publicada na página 2 da edição 680, uma quarta-feira, 15 de setembro.

Porém, meu grifo neste artigo vai para a citação que a folha pernambucana fez à inauguração do Forte de Imbetiba, na edição de quarta-feira, 13 de abril de 1910. A nota chamou atenção para a festa que aconteceria no dia 15 daquele mês por ocasião da inauguração do Forte. E não foi nota telegrafada não, como costuma acontecer naqueles tempos! Foi nota do editor José Mariano, um dos maiores jornalistas – com o rigor da palavra, e a ética que a profissão exige – que o Brasil já conheceu.

Monte Frio comemora 400 anos, hoje 

No dia 16 deste mês, última sexta-feira, o Forte Santo Antônio do Monte Frio comemorou 400 anos de fundação, e hoje, terça-feira, dia 19 de março de 2013, haverá uma grande festa no local para celebrar a data. Porém, mesmo quatro séculos passados, há quem desconheça – macaense ou não – a história deste importante patrimônio arquitetônico tão imponente e simbólico de Macaé.

Logicamente, pelo fato de não haver imprensa no Brasil há quatro séculos, não poderíamos nunca encontrar citação à inauguração do Monte Frio durante esta pesquisa, que neste momento debruça-se apenas em periódicos publicados no Brasil.

Esta primeira fortificação, o Monte Frio, virou ruína e hoje não existe mais. Deste antigo forte erguido com pedras pelos negros escravos, no lado de trás do monte onde hoje está a sede do Forte Marechal Hermes, só restaram a muralha de pedra centenária erguida pelos escravos e os canhões que compunham a artilharia da fortaleza, hoje desativados. Uma prainha discreta precipita-se abaixo de um rochedo, ao lado do Monte Frio, formando uma agradável baía a qual batizaram de Praia das Tartarugas. Área militar, restrita ao acesso do exército.

O Forte Santo Antônio de Monte Frio foi inaugurado em 1613 e desativado em 1859. “No século XVII, o Governo espanhol, ao qual Portugal estava submisso, teve a sua atenção despertada no sentido de combater piratas, que agiam com a cumplicidade de índios e mamelucos.

Na extração do pau-brasil por volta de 1614, o diplomata Gondomar, embaixador da Espanha em Londres, alertava o monarca Felipe II de que aventureiros ingleses se apresentavam para estabelecer e fortificar um porto entre o Rio de Janeiro e Espírito Santo, auxiliados pelos mamelucos Gaspar Ribeiro, João Gago e Manoel de Oliveira, que habitavam o lugar.

Foram tomadas providencias, a fim de prevenir-se contra novas tentativas dos corsários: o Governo de Madri transmitiu instruções ao governador-geral Gaspar de Sousa para que “estabelecesse de cem a duzentos índios numa aldeia sobre o rio Macaé (Miquié na linguagem dos indígenas, primitivamente chamado rio dos bagres) em frente à ilha de Santana e que fundasse um estabelecimento semelhante sobre o rio Seripe (atual rio das Ostras), onde o inimigo cortava as madeiras corantes”. E mais: “A cada aldeamento se daria um jesuíta. Devia comandar o primeiro, Amador de Sousa, filho do célebre Araribóia, e o segundo, seu sobrinho Manoel de Sousa”.

A fundação daquelas aldeias muito concorreu para o povoamento de parte até então abandonada da Capitania de São Tomé. Dando sentido prático às determinações do soberano, os jesuítas aldearam no local indígenas de Cabo Frio e os da nação Aitacás (provavelmente um ramo dos goitacás). Já Em 1630 aqueles religiosos que possuíam uma fazenda, que contava com um engenho, colégio e capela, construídos no morro de Santana.

Após 1759, quando foram expulsos os jesuítas em virtude de campanha movida contra sua Ordem pelo marquês de Pombal, ministro de D. José I, as terras foram redistribuídas e, à medida que se fundavam novas fazendas, a população aumentava, desdobrando-se em outras povoações com elementos vindos de Cabo Frio e Campos, na sua maior parte.

Durante longo período Macaé teve papel importante na economia norte-fluminense, funcionando o porto de Imbetiba como escoadouro da produção açucareira da zona campista, para ali transportada através do Canal Campos a Macaé, construído em 1874, e por diversos ramais ferroviários então existentes (Estradas de Macaé, Barão de Araruama, Urbana de Macaé e Quissamã). Essa função extinguiu-se, porém, com a construção da Estrada de Ferro Leopoldina, cujos trilhos passaram a ter preferência para o transporte da mercadoria, o que acarretou o declínio do porto” (1).

O Forte de Santo Antônio de Monte Frio teve suas obras concluídas em 1613. Posteriormente, em 1762, a fortaleza foi reconstruída por Conde de Cunha, por ordem do então Governador do Rio de Janeiro, Francisco de Castro Moraes. Em 19 de novembro de 1859 a fortificação foi desativada por ordem do Ministro da Guerra, Cel. Reformado Sebastião do Rego Barros, por este considerar que o Forte não servia mais à segurança daquele porto e por ser sua conservação extremamente onerosa para o Tesouro Nacional. Em 1893, foi reativado pelo então Presidente da República, Marechal Floriano Peixoto. Nesse tempo, cresciam a cada dia as operações do porto de Macaé e isso fez com que mais atenção fosse dada ao mesmo. A construção de um novo forte é iniciada. Entretanto, a estrada de ferro Leopoldina, com a ligação Rio Bonito – Macaé – Campos absorveu todo o transporte da produção agrícola dessa região, e isso consequentemente acabou baixando os custos, Macaé vê o comércio marítimo declinar até o fim da licença alfandegária do porto de Imbetiba, em 1903. As obras da Fortaleza seguiram o declínio do Porto. Em consequência dos vultosos gastos públicos (231 contos), entre 1898 e 1900, e, também, por falta de verba, a obra acabou sendo suspensa em meados de 1900.

O jornal macaense O Regenerador deu destaque à inauguração do Forte Marechal Hermes com a seguinte nota: “Ficará gravada, com caracteres indeléveis na história de Macaé, e sua população jamais poderá esquecer tão grandiosa e espontânea vibração de sua alma patriótica”.

Um homem e um jornal republicanos

O editor do jornal A província, José Mariano Carneiro da Cunha, foi um abolicionista com uma história vitoriosa e morreu com homenagens de um herói para o povo do Recife. Nasceu em 1850, no engenho Caxangá, distritozinho de Ribeirão, lugarejo que na época pertencia ao município de Gameleira. O cenário dos engenhos e canaviais permeariam para sempre seu imaginário.

Estudou na Faculdade de Direito de Pernambuco – uma das mais antigas do Brasil – e teve como companheiro de classe Joaquim Nabuco com quem flanava pelas marginais do rio Capibaribe na companhia do amigo em comum Rui Barbosa.

Muito ligado ao seu tempo e aos ideais republicanos, José Mariano começou a escrever para jornais, agremiações, revistas, até que em 1872, no dia 6 de setembro, publica a primeira edição de seu próprio jornal: A Província. O jornal tinha cunho abolicionista e reuniu exponentes da época em sua tipografia, como o escritor Gilberto Freyre, que assumiu sua redação em 1928.

Com um ideal de combate à escravidão, a folha tinha discurso acirrado na defesa dos escravos e acabou ganhando a devida atenção da opinião pública na campanha abolicionista em Pernambuco.

O jornal sairia das ruas em 27 de novembro de 1878 para ser novamente editado seis anos mais tarde. Com o argumento de dar férias aos trabalhos jornalísticos e por outros motivos preponderantes, tais como a necessidade de mudanças de seu formato, que passou a ser maior depois, A Província parou de circular. A folha voltou a ser publicada posteriormente como órgão do Partido Liberal, em 1 de dezembro de 1885. Nesta fase a tipografia estava instalada na rua do Imperador, em Recife, uma das principais galerias por onde transitavam na cidade os homens do poder daquele tempo. Na última década do século XIX, A Província conquistou tanta reputação, que chegou a ser o maior jornal do Nordeste brasileiro, suplantando até o jornal mais antigo de Recife, O Diário de Pernambuco, fundado em 1825 e hoje o jornal Há mais tempo em circulação ininterrupta da América Latina.

Sem interromper sua circulação, uma nova e importante fase d’A Província foi iniciada em 19 de agosto de 1928, quando assume sua direção os jornalistas Gilberto Freyre e José Maria Belo. Lia-se na definição do pensamento dos novos dirigentes: “…tanto quanto órgão de informação e crítica, será A Província um jornal político, ligado pela mais consciente simpatia ao Partido Republicano de Pernambuco”. O jornal passa a ser diário e apoia o governo de Estácio Coimbra, “um jornal quase governista. Mas um jornal governista de métodos os mais puros e limpos”, segundo Gilberto Freyre.

Entretanto, sob a direção, tendo como redator-secretário Sousa Barros e gerente Otávio Morais, findando com a edição de 4 de junho de 1933, sendo vendidos o material tipográfico e a maquinaria.

Um jornalista embalsamado

Dono de uma história política e social magnífica, José Mariano é lembrado pelos pernambucanos e jornalistas de todo o Brasil até hoje. Ano passado fez um século de sua morte, em 8 de junho de 1912. Como legado deixou seus ideal de justiça, igualdade e liberdade.

José mariano integrou um importante núcleo progressista de Recife: o Clube do Cupim, fundado em 1884 e do qual também faziam parte ilustres simpatizantes, como Joaquim Nabuco, Barros Sobrinho, João Ramos, Alfredo Pinto, Phaelante da Câmara, Vicente do Café, e Leonor Porto (esta, fundaria e presidiria, depois, uma outra associação com intuitos semelhantes: a Aves Libertas).

Nessa época, uma pessoa de grande importância na comunidade era a esposa de José Mariano, a recifense Olegaria da Costa Gama. Pela sua bondade e dedicação aos escravos foi chamada de “mãe dos pobres” e “mãe do povo”. Olegaria sempre apoiava os escravos fugidos, roubados das senzalas, ou alforriados. Mesmo quando José Mariano foi preso e sofreu inúmeras humilhações e torturas terríveis, D. Olegaria continuou lutando em prol da abolição da escravatura. Em 1887, durante a campanha ao cargo de deputado geral de Joaquim Nabuco – colega abolicionista – D. Olegaria empenha suas joias para financiar as despesas da eleição.

José Mariano é considerado um orador comunicativo, um abolicionista corajoso, e um dos homens públicos que mais desfrutavam da simpatia popular em Pernambuco. Mesmo quando estava separado do povo e preso, demonstrava suas tendências abolicionistas e republicanas. Possuía atitudes corajosas e o seu nome representava uma bandeira. Conseguiu ser eleito deputado em 1886, mas a eleição é impugnada e José Mariano perde a cadeira.

No dia 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel assina a Lei Áurea que declara extinta a escravidão no Brasil. Junto à opinião pública nacional, consagram-se os líderes da campanha redentora: Joaquim Nabuco, José Mariano, José do Patrocínio, André Rebouças. Pouco mais de um ano depois, a República é proclamada pelo Marechal Deodoro da Fonseca, em 15 de novembro de 1889. A gestão de Deodoro dura somente dois anos e com sua renuncia, o Marechal Floriano Peixoto assume a Presidência da República.

O nome de José Mariano figura entre os deputados à Constituinte, em 1890, e, em 1891, ele é eleito Prefeito do Recife. Pouco tempo depois, Alexandre José Barbosa Lima – considerado um autoritarista e florianista – assume o Governo de Pernambuco. José Mariano lança-se de imediato em sua oposição, publicando uma série de artigos contra o Marechal Floriano Peixoto. Em decorrência disto, ele é preso em sua residência (no Poço da Panela), e trancafiado na fortaleza do Brum sob a acusação de pactuar com a Revolta da Armada.

Entretanto, liberto da prisão, José Mariano assume a cadeira de deputado. A população do Recife gosta muito dele. Todas as ruas e casas, desde o cais do porto até o Poço da Panela ficaram ornamentadas e embandeiradas para saudar o retorno do abolicionista. Na época, inclusive, ele fez um discurso célebre na Câmara, com cinco horas de duração, narrando o martírio vivenciado como prisioneiro.

Mas o clima geral era de muitos conflitos políticos. Nesse contexto, foi covardemente assassinado o famoso jornalista político José Maria de Albuquerque Melo, na rua 24 de Maio, enquanto visitava uma seção eleitoral e protestava contra ilegalidades praticadas pelo presidente da mesa, o chamado Major Pataca. O mesmo dispara vários tiros contra o jornalista e, como não lhe foi permitido o socorro médico, José Maria vem a falecer pouco depois. O incidente abala muito o Recife e repercute em todo o País. De imediato, José Mariano escreve um artigo sobre o assunto, intitulado A tragédia de Pernambuco, que sai publicado no Jornal do Comércio do Rio.

No dia 24 de abril de 1898, em decorrência das complicações de uma gripe, morre dona Olegaria. Ele se achava no Rio de Janeiro e sequer pode assistir aos funerais prestados pela população pernambucana. Esta, que a divinizava, se condoeu muito com o fato. Fala-se que foram muitos os pretos que se suicidaram, envenenando-se ou jogando-se no rio Capibaribe.

Após tal dolorosa perda, José Mariano se afasta das lutas políticas. Em 1899, ele é nomeado Oficial do Registro de Títulos, pelo Presidente Rodrigues Alves, e também é presenteado com um Cartório de Títulos e Documentos, na rua do Rosário, no Rio de Janeiro.

Infelizmente, não muito tempo depois, José Mariano adoece e vem a falecer no dia 8 de junho de 1912. Custeado pelo Estado, o navio Ceará transportou seu corpo embalsamado do Rio de Janeiro para o Recife. No Estado de Pernambuco foi decretado luto por três dias, e houve uma comoção geral em seu enterro. As pessoas jogavam flores em seu esquife e muitas choravam. Para homenagear esse ilustre abolicionista pernambucano, o periódico A Lanceta publica alguns versos, em sua edição de 12 de junho de 1912, que terminam assim: “Chore…chore o Brasil sua grande desdita. Porque o cedro tombou!

Foi erigida em sua homenagem, posteriormente, uma estátua no Poço da Panela, e deram o seu nome ao cais que ladeia uma das margens do rio Capibaribe, no centro do Recife. Seus contemporâneos, contudo, sempre desejaram que ele fosse lembrado como um excelente orador popular, um grande abolicionista e republicano, e, principalmente, um pernambucano que deu tudo de si ao próximo e à Pátria.

Fonte do trecho citado: (1) IBGE

Ilustração do jornal: Fundação Biblioteca Nacional

Leituras complementares para a implantação da Hemeroteca Digital de Rio das Ostras

Por Leonor Bianchi

Assim como já noticiamos, estamos desenvolvendo uma pesquisa aprofundada nos acervos de periódicos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro a fim de descobrir em quais deles Rio das Ostras aparece. Nosso intuito é ainda mais amplo, ou seja, além de termos curiosidade de saber desde quando a cidade ou a região de Rio das Ostras começa a ser citada na imprensa jornalística do Brasil, interessa-nos conhecer onde se deram as primeiras citações à cidade na imprensa impressa. É, pode ser enfadonho o uso das palavras, mas é isso aí.

Neste sentido, seguem avançadas as leituras, produções de relatórios e levantamento de dados, que constituem o embasamento argumentativo do projeto da Hemeroteca Digital de Rio das Ostras.

Para enriquecer seu conhecimento sobre o tema, sugiro a leitura do texto ‘A Digitalização como Forma de Conservação e Disseminação do Acervo de Jornais da Biblioteca Monsenhor Galvão (A DIGITALIZAÇÃO COMO FORMA DE CONSERVAÇÃO) da bibliotecária da Biblioteca Setorial Monsenhor Renato de Andrade Galvão do Museu Casa do Sertão (UEFS) Universidade Estadual de Feira de Santana, Ana Martha M. Sampaio. Nele a autora investe sobre a necessidade da preservação do acervo de jornais da referente biblioteca e para isto, sua digitalização e difusão. O contexto é a cidade de Feira de Santana na Bahia, o que mais chamou minha atenção, já que nosso escopo maior é a imprensa  regional e local.

Resumo

“O acervo de jornais antigos, da Biblioteca Setorial Monsenhor Renato de Andrade Galvão (BSMG) é responsável pelo resgate da imprensa escrita feirense e da história social do município garantindo a população regional o direito de ter acesso ás informações contidas em jornais feirenses datados do século XIX e XX. Tais documentos se constituem em elementos de suma importância para o desenvolvimento de pesquisas acadêmicas e colegiais, o que tem permitido a elaboração de projetos nas diversas áreas do conhecimento, concretizado através das diversas monografias, dissertações, artigos, teses, entre outras produções realizadas a partir das consultas na referida biblioteca, por isso, a conservação e preservação de tão importante acervo para a sociedade escrita são tão importantes, pois estes registros são um referencial teórico para a localidade que guardam a memória histórica e cultural de seu povo. O artigo aborda importância da preservação destes jornais para a comunidade de Feira de Santana e região. Porém o uso diário e a fragilidade que é peculiar ao suporte dos jornais acarretaram no desgaste de tão importante coleção para pesquisadores, bem como, alunos e a comunidade regional. Dessa maneira se faz mister a digitalização deste acervo, dos quais muitos já se encontram fora de uso sem condições de disponibilização ao usuário. Por outro lado, tal privação se constitui enquanto entrave ao desenvolvimento de novos trabalhos nas áreas da História, Sociologia, Literatura, Antropologia, Filologia, dentre tantas áreas, que tão bem poderiam usufruir as importantes informações contidas nas suas paginas amarelecidas pelo tempo. O mais agravante é fato que tais edições de jornais são as únicas conhecidas em toda a região e, portanto, no caso do desaparecimento destes exemplares informações sobre o cotidiano de Feira de Santana e região, estariam fadados ao completo desconhecimentos pela sociedade local.Contudo, a digitalização e conseqüente conservação da coleção de jornais da BSMG se faz urgente e necessária haja vista ser ela singular enquanto instrumentos de pesquisa e de informação e plural na infinidade de possíveis temas e interpretações por partes daqueles que tem na mesma a renovação do conhecimento acerca da realidade regional”.

O projeto acima acabou se delineando uma das ações mais significativas já feitas por uma biblioteca de interior no que diz respeito à preservação de seu acervo de periódicos. No final de 2010, muitos jornais já haviam sido digitalizados por iniciativa do projeto. Jornais estes de suma importância para a história das sociedades onde circulou.

São eles: 

– O Município

1892-1894 e 1908-1911

– O Propulsor

1896

– Gazeta do Povo

1891-1893

– Folha do Norte

1909, 1910, 1911, 1912, 1913, 1914, 1917, 1918, 1919, 1926, 1927, 1928, 1929, 1930, 1931, 1932, 1933, 1934, 1935, 1936, 1937, 1938, 1939, 1940, 1941, 1942, 1943, 1944, 1945, 1946, 1947, 1948, 1949, 1950, 1951, 1952, 1953, 1958, 1960, 1961, 1962, 1963, 1964, 1965, 1966, 1967, 1968, 1969, 1970, 1971, 1973, 1974, 1975, 1976, 1977, 1978.

– O Progresso

1901-1903; 1905-1908

– Folha da Feira

1932-1935

– O Coruja

1956

– Feira Livre

1979

Foto: Edvan Barbosa – Ascom/Uefs